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"É meu" - Como ajudar seu filho a aprender a compartilhar!

Atualizado: 30 de ago. de 2022


imagem extraída de canva.com

Por Mariana Deodonno Miguel

Psicóloga da Maternidade

CRP 06\83327

@psicologiadopuerperio



Quando crianças pequenas brincam juntas, a maior parte de suas brincadeiras acontece “lado a lado”. Elas brincam perto de outras crianças, ao invés de brincar com elas.


A brincadeira é o laboratório no qual as crianças pequenas experimentam conexão, relacionamento e habilidades sociais. A capacidade do seu filho de se conectar com os outros começa com a conexão com você. Dedicar um tempo para brincar com seu filho é uma das melhores maneiras de criar uma base sólida para desenvolver habilidades sociais e de vida.


Compartilhar é um grande problema no mundo das crianças pequenas. Os pais muitas vezes se preocupam com isso, com medo de que seus filhos fiquem egoístas se não forem forçados a compartilhar. Mas, crianças menores que 2 anos são egocêntricas, ou seja, elas são o centro de seu próprio mundo, e todas as outras coisas existem apenas se tiverem uma relação com elas. Isso não é egoísmo – faz parte do desenvolvimento humano natural.

Por isso também as crianças nessa idade dizem que tudo “é meu”: porque elas acreditam que o mundo começa e termina nelas. E nenhum argumento lógico poderá mudar isso, porque esta é a maneira que a criança vê o seu lugar no mundo.


Durante a fase do “é meu”, não desperdice sua energia com sermões! Quando seu filho diz “essa bolsa é minha”, tente dizer: “você gosta da bolsa da mamãe. Quer me ajudar a leva-la?”. Sem argumentar com ele nem convidá-lo à uma disputa de poder, você está lhe dando informações precisas, oferecendo-lhe uma maneira de dar a sua própria contribuição para ajudá-la e criar oportunidades para que ela expresse sua visão de mundo.


Até que seu desenvolvimento avance para a próxima fase, isso faz muito mais sentido do que alimentar argumentos intermináveis sobre de quem é a bolsa. Se você tentar corrigir o pensamento dele, é quase certeza que você criará uma disputa de poder, talvez criando um padrão para o futuro. A cooperação promete um futuro mais saudável para ambos.

Em uma pesquisa realizada nos EUA pelo Zero to Three National Center for Infats, Toddlers and Families foi questionado: “Devemos esperar que uma criança de 15 meses compartilhe seus brinquedos com outras crianças, ou é muito cedo para isso?”


Eles descobriram que 51% dos pais de crianças de 0-3 anos acreditam que é esperado que uma criança de 15 meses compartilhe. Entretanto, as pesquisas mostram que, em termos de desenvolvimento, 15 meses é muito cedo para esperar que uma criança divida suas coisas. Há uma concepção errônea dos pais acreditarem que se uma criança age de forma “egoísta” agora, ela será um adulto egoísta.


O que fazer quando seu filho não quiser compartilhar:


· Ofereça soluções: como encontrar um outro brinquedo que ela possa oferecer a um amigo

· Use um cronômetro para avisar que está na hora de revezar

· Dê-lhe algo para fazer enquanto espera sua vez ou sugerir (e demonstrar) maneiras de como eles podem brincar juntos com o brinquedo.


Depois de muita prática (e com sua ajuda), quando chegarem na faixa dos 2 anos a 2 anos e meio, elas podem começar a fazê-lo por conta própria (mas não espere consistência).

Se uma criança de 20 meses agarra o brinquedo de outra criança, um adulto pode intervir, tirar o brinquedo dela cuidadosamente, devolvê-lo à outra criança e leva-la para encontrar outro objeto interessante para brincar, dizendo “o amiguinho está brincando com aquele brinquedo agora. Vamos encontrar outro brinquedo que você goste”.


Quando essa mesma criança estiver com 2 anos e meio e agarrar um brinquedo de outra, os adultos poderão responder de forma diferente agora. A criança nessa idade estará pronta para aprender e praticar habilidade social de compartilhar. Uma resposta mais apropriada é pegar o brinquedo e explorar com ela modos de aprender a compartilhar com outra criança.


Como ensinar a compartilhar:

Possessividade e propriedade são passos normais que antecedem a capacidade de compartilhar, que começa verdadeiramente em torno de 3 ou 4 anos de idade. Durante esse período, ensine ao seu filho o processo de compartilhar enquanto a capacidade dele para fazê-lo ainda está em desenvolvimento.


1. Demonstre o que é compartilhar: faça brincadeiras de troca – peça para seu filho segurar algo que é seu e diga “o que você quer emprestar para mim enquanto eu empresto isso para você?”

2. Crie oportunidades para compartilhar: dê ao seu filho dois lápis de cor e peça para ele escolher um para o seu colega usar. Agradeça-o por dividir.

3. Evite julgamento e mostre compaixão: apoie a necessidade que seu filho tem de posse (você tem algumas coisas que não quer compartilhar, certo?) Ajude crianças mais velhas a encontrar outro brinquedo para brincar ou ofereça o mesmo brinquedo em maiores quantidades. Quando a criança estiver chateada, ofereça o conforto que puder, mas não tente impedi-la de vivenciar o desapontamento, afinal, a decepção e frustração são parte da vida e seu filho precisa aprender a lidar com isso. Diga: “é difícil emprestar. Você realmente queria isso”. A empatia alivia a dor e prepara o caminho para a aceitação do compartilhamento.


Compartilhar é uma habilidade que deve ser ensinada e praticada. Como uma criança saberá o que fazer se não são feitas demonstrações? Encorajar e ensinar a criança pequena a usar as próprias palavras é uma forma maravilhosa de desenvolver habilidades sociais. Mas é importante lembrar que a aprendizagem é um processo que deve ser repetido muitas vezes, enquanto durar o desenvolvimento infantil.


Extraído do livro Disciplina Positiva para crianças de 0-3 anos, de Jane Nelsen. Editora Manole.



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