5 sinais de sobrecarga materna
Atualizado: 18 de jan.
A sobrecarga materna, ou o burnout materno é um problema complexo e multifatorial. Apesar de usar o mesmo termo, as características do burnout parental são bastante diferentes das outras formas de burnout – relacionadas ao trabalho.
Trata-se de uma síndrome que acomete principalmente mães, e que acontece em relação aos filhos, especificamente, no que diz respeito aos cuidados oferecidos a eles. Muitas vezes acontece em função de uma auto cobrança em relação a uma performance perfeita das tarefas executadas, cumprindo com as exigências sociais em torno do papel de mãe.
Apesar das discussões e das quebras de paradigmas em torno da imposição da maternidade à mulher, principalmente nas sociedades ocidentais, prevalece a crença no imaginário coletivo, de que “ter filhos é a realização máxima de uma pessoa”. Contudo, o desempenho da parentalidade é um dos maiores desafios da vida adulta - uma vez que envolve a elaboração de vários lutos, a desconstrução de vários ideais, a realidade social que muitas vezes é adversa, as questões relacionadas ao casal que precisam ser revistas, as relações familiares, financeiras e sociais em geral. – Contribuindo para que essa realização passe por uma construção bastante complexa.
O eixo dessa construção é fundamentado no fato de que a função do cuidado das crias acaba recaindo principalmente sobre as mulheres. Trata-se de um cuidado exaustivo, que envolve trabalho físico e mental intensos, requer tempo e dedicação, e estão associados a diferentes fontes de estresse e desgastes. Além disso, muitas vezes as mulheres acabam priorizando as necessidades dos filhos em função das próprias necessidades, abdicando-se do auto cuidado necessário para seguirem cuidando.
“O stress parental deriva da limitação das atividades da mãe, em função de sua continua adaptação às demandas e necessidades dos filhos. Elas, como principais cuidadoras das crianças, lidam com altos níveis de demandas psicológicas, baixos níveis de controle e baixo reconhecimento social. A monotonia das atividades cotidianas contribui para este cenário e o stress tende a ser maior quanto maior o número de filhos.”

Outro fator que contribui para a sobrecarga materna é o desejo de fazer com que as crianças se sintam sempre valorizadas e desenvolvam segurança emocional – seguindo os manuais da “maternidade perfeita” – o que gera uma enorme dificuldade em encontrar um equilíbrio entre o amor (obsessivo) e a promoção da autonomia e independência dos filhos.
A vivência de períodos prolongados nesta situação pode acarretar o desenvolvimento de sintomas progressivos de:
1.Cansaço;
2.Frustração;
3.Irritação;
4.Saturação;
5.Fadiga;
6.Exaustão e ansiedade;
7.Alterações de sono;
8.Conflitos nas relações com o parceiro;
9.Vontade de pedir demissão;
10.Escapes e ideação suicida;
Casos de negligencia e violência com a criança – culminando em vergonha, culpa, solidão, dificuldade em pedir ajuda e aumento dos riscos para depressão e outros transtornos mentais.
O curso da exaustão materna segue um fio: exaustão emocional e esgotamento, despersonalização (atitudes negativas, distanciadas, ou excessivas, com perda da própria essência e do sentido do próprio papel de cuidador), sentimento de baixa autoeficácia (insucesso, fracasso, insatisfação no desempenho do papel de mãe).
Para quebrar esse ciclo vicioso de exigências e frustrações, as terapias apresentaram-se como recurso eficaz, além do fortalecimento da rede de apoio, outros tipos de suporte social, incentivo ao auto cuidado, estilo de vida saudável e autoconhecimento. O suporte medicamentoso pode ser necessário quando as medidas não farmacológicas não apresentam surtir efeito.
Procure ajuda diante dos primeiros sinais de sofrimento psíquico. Quanto antes o quadro for abordado, maiores as chances de melhores desfechos.
Autora do texto: Mariana Lanna Pinheiro, Psicóloga