A famosa e descabida Culpa Materna
A palavra culpa significa, segundo o dicionário, consciência mais ou menos penosa de ter descumprido uma norma social e/ ou um compromisso (afetivo, moral, institucional) assumidos livremente.
Partindo dessa conceituação, cabe o questionamento e a reflexão, de, porque será que, a palavra e sentimento de culpa estão tão presentes na maternidade?

Me parece contraditório, uma sociedade que incentiva tanto ter filhos, mas não oferece apoio, empatia e políticas públicas para que mães exerçam seu papel social de forma minimamente saudável fisicamente e, sobretudo mentalmente.
E em muitos momentos, fomenta, mesmo que de forma velada, a visão de que, aquela que não dá conta de tudo, que expressa suas dificuldades e pede ajuda, não é uma boa mãe.
Dessa forma, mães internalizam e vivem de forma a se culpar por decisões necessárias, desconsiderando suas necessidades e vontades. Simplesmente por querer viver a perfeição da maternidade.
Só que, “mães perfeitas não são reais e mães reais não são perfeitas”.
Percebe a crueldade que é pra a saúde mental materna essa cobrança descabida Percebe que ela é socialmente construída e por isso precisa ser repensada/ressignificada?
Precisamos, enquanto sociedade cuidar, apoiar, ajudar, respeitar a história, experiência e complexidade que são únicas e possíveis para aquela mulher.
E assim, ajudaremos as mães a construirem uma maternidade possível e desmistificar a perfeição como algo alcançável e necessário.
É imprescindível respeitar o sentimento e vontade de se priorizar, delegar, descansar, se aceitar quando perder a paciência, se abraçar quando desejar um momento sozinha, pedir ajuda, exigir presença e tantas outras coisas.
Obviamente, essa construção não é fácil, pois como mencionei, estamos imersos em uma naturalização do sofrimento e sobrecarga materna. Entretanto, é possível! O enfrentamento não precisa ser solitário e sofrido e para algumas pessoas será necessária ajuda profissional.
Caso seja o seu contexto, saiba que há profissionais capacitados, especializados e dispostos a te acolher.
Texto escrito por Tayane Rodrigues, Psicóloga parceira Gestar