Como realizar um desfralde respeitoso
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Como realizar um desfralde respeitoso

Atualizado: 12 de dez. de 2023

Quando o assunto é desfralde, é muito comum uma pressa ou uma certa competição velada entre as mães, para ver se a criança está atrasada ou adiantada em relação ao desfralde.


Porém é preciso dizer que o desfralde não é uma simples aprendizagem. Ele fala de um processo de desenvolvimento e maturação neuro, fisiológica, psicológica e motora da criança. Sendo que este processo pode variar de criança para criança.


desfralde respeitoso

Em termos cronológicos, de forma geral, o processo de desfralde completo pode ser feito entre os dois anos e meio até os cinco anos de idade, aproximadamente.

Nesse sentido, um desfralde respeitoso e consciente é aquele que respeita o ritmo da criança, sendo o desfralde consciente um processo no qual a criança é a protagonista. Nele, o o adulto cuidador respeita o ritmo da criança.


Como realizar um desfralde consciente?


Antes de realizar um desfralde ou até mesmo outro processo com a sua criança, um ponto importante a se considerar é: as crianças tem ritmos diferentes. Portanto, nem toda criança, aos dois anos já terá completado ou iniciado seu processo de desfralde. Muitas crianças podem, inclusive, começar o processo de desfralde após os três anos de idade, o que não significa que estará em atraso no processo de desenvolvimento.


Então, “quando iniciar o processo de desfralde?” O desfralde deve ser iniciado a partir dos sinais de prontidão manifestados pela criança. Os sinais de prontidão são:


  1. Desejo de autonomia: a criança busca fazer atividades sem ajuda, ou pede pouca ajuda para fazer atividades. Como, por exemplo, busca vestir-se ou pentear-se sozinha

  2. Dizer não como sinal de independência. Nesta fase do desenvolvimento, a criança tende a dizer o que não quer e o que quer e isso é sinal de que está se individuando, ou seja, tornando-se uma pessoa separada da mãe ou daquela pessoa que faz a função materna

  3. Imitar os comportamentos dos pais ou cuidadores. A criança tende a imitar ações dos cuidadores como um sinal de identificação e ou de desenvolvimento.

  4. Conseguir puxar a roupa para baixo ou para cima, ou seja, a criança já está adquirindo capacidade de vestir-se ou de tirar a própria roupa.

  5. Boa capacidade de motora de andar e até de começar a correr.

  6. Verbalizar: a criança fala que fez ou quer fazer xixi ou cocô.

  7. Fraldas: fralda seca por aproximadamente duas horas ou mais. E, quando tira a fralda, a criança tende a fazer xixi, ou cocô.

  8. Desejo de ficar sem as fraldas.

Assim, para iniciar o desfralde consciente e respeitoso, é muito importante perceber e esperar os sinais de prontidão manifestados pela criança. E, a partir dos sinais da criança, iniciar o processo de desfralde.


Iniciando o desfralde consciente e respeitoso


Desfralde consciente é um processo no qual a criança é a protagonista. Assim, ao observar os sinais de prontidão da criança, um próximo passo é preparar o ambiente. Desse modo, o adulto responsável poderá guiar e orientar a criança em seu processo de desfralde.


Para auxiliar o processo de desfralde da criança, outro passo importante é preparar o banheiro, de forma segura, para que ela possa usar. Conforme a médica Maria Montessori, um dos pilares para educar a criança com autonomia, é ter um ambiente preparado e seguro. Assim, no banheiro, você pode colocar um banquinho, ou um degrau para que ela alcance a pia e ou o sabonete. Outra dica é colocar degraus para que ela alcance o vaso, coloque também redutor de assento, para que possa se sentar sozinha, com segurança.


Outro passo importante é explicar à criança como usar o “troninho” ou o banheiro. Dessa maneira, fale com a criança como será o passo a passo: abrir a tampa do vaso, sentar, fazer, usar o papel higiênico para se limpar, apertar a descarga, lavar as mãos e enxugar quando acabar. Uma dica importante é colocar no banheiro um desenho mostrando como usar o vaso.


E se o xixi escapar de dia? Um processo de desfralde e educação respeitosos, que consideram a autonomia da criança, não utilizam a punição. Portanto, se o xixi escapar, você não precisa punir, mas, pode e deverá mostrar que a criança precisa se limpar. Assim, sem agressividade, com afeto, estará ensinando à criança que as atitudes tem consequência.


E, em se tratando de desfralde, a consequência natural é fazer o xixi ou o cocô na roupa para que aprenda a utilizar o vaso sanitário. Ou seja, não é possível treinar a criança a tirar a fralda, estando ela de fralda.


Mas, e como agir com a criança nesses casos? O adulto pode agir naturalmente, sem brigar. Lembrando-se que sua criança está aprendendo e que acidentes fazem parte. Apenas oriente que é preciso lavar-se, enxugar e trocar de roupa. Um outro ponto importante para lembrar é: crianças não gostam de parar a brincadeira quando ela está prazerosa. Portanto, escapes de xixi porque não querem parar de brincar, são naturais. Portanto, muitas vezes, ao invés de perguntar à criança se ela quer ir ao banheiro, apenas diga: “está na hora de ir ao banheiro”.


E se o xixi escapar à noite? É muito importante ter em mente que, até os cinco anos de idade, aproximadamente, é natural a criança fazer xixi à noite. Passado este período, se os episódios de xixi noturno persistirem, buscar ajuda pode ser valioso. Uma dica para tentar evitar possíveis escapes é orientar à criança para fazer xixi antes de ir deitar. Mas, se ainda assim, ela fizer xixi à noite, dormindo, brigar será ainda pior.


Crianças estão em processo de desenvolvimento e aprendizagem, quando algo der errado, devem ser acolhidas e orientadas, com afeto. Dessa maneira, para um desfralde e uma educação conscientes, um passo importante é evitar comparações, cada criança é única.

Quando especialistas dizem que as crianças tem seu tempo, dentro das margens dos marcos de desenvolvimento, é verdade. Assim, permitir que o desfralde seja feito com calma e no tempo da criança, além de ser algo respeitoso, evita problemas futuros. Por vezes, pausas, ou retrocessos serão necessários e, portanto, devem ser olhados como parte do processo e não como atraso.


Por fim, se sentir dificuldades nesse processo e precisar de ajuda, agende uma consulta com um profissional da psicologia, ou um orientador parental.



 

Texto escrito por Roberta Grangel, Psicóloga parceira Gestar


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