Posições no parto: o que realmente faz a diferença?
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Posições no parto: o que realmente faz a diferença?

Atualizado: 23 de fev. de 2023

No momento do parto a posição mais frequentemente utilizada é a posição de litotomia, mas talvez essa não seja a melhor posição para parir.



Diversas posições no parto | Imagem: Site www.humanization.org

A cena típica do parto normal é a mulher deitada de barriga para cima com as pernas levantadas sem apoio para os pés. O movimento do corpo e da bacia no momento do parto, facilita o bebê passar pela pelve e nascer. Quando uma posição limita o movimento do corpo e dos ossos da pelve, a saída do bebê pode ser mais difícil e para isso a mulher tem que fazer mais força.


Posição de litotomia

A força no momento do expulsivo é como que um reflexo, ela é natural. Mas a medida que se exige mais força do que o corpo está naturalmente pedindo no momento do expulsivo, pode mais atrapalhar do que realmente ajudar na hora do nascimento. Por isso as posições que dão mais liberdade de movimento para a pelve podem ajudar mais do que aquelas em que a pelve fica parada, fixa sem movimento, como as posições deitadas.


Algumas variações dessas posições deitadas podem ajudar um pouco mais. A cama de parto pode se elevar para que a mulher possa ficar em uma posição quase sentada ou mesmo a posição deitada de lateral.


Variação posição litotomia, mais inclinada

A posição de lateral tem uma vantagem, pois dá mais liberdade de movimento para o sacro e perna o que ajuda na passagem do bebê pela pelve até o expulsivo.


A posição de gato (quatro apoios) e cócoras são boas posições pois permitem a movimentação mais livre, no entanto, muitas mulheres não tem o hábito de ficarem nessas posições e não se sentem confortáveis.


Posição de gato (quatro apoios) | Foto: Bored Panda

Nesse sentido é que os movimentos da fisioterapia ao longo da gestação podem estimular experiências corporais que ajudam a mulher a se sentirem mais confiantes nessas posições. Alguns exercícios trabalhados ao longo da gestação, fortalecem os membros superiores e principalmente inferiores para que elas consigam ficar nessas posições sem tanto desgaste físico, esforço e desconforto.


Cócoras | Foto: Monet Nicole

A posição de parto com a banqueta é boa quando entra no momento final do parto, mas também deve oferecer liberdade de movimento para a pelve, principalmente para os ossos dos ísquios se afastarem no momento do expulsivo. Nessa posição as mulheres tendem a aproximarem os joelhos para instintivamente perceberem maior espaço na pelve inferior. No entanto, vemos que é comum a equipe que oferece a assistência acabar fazendo o movimento contrário dos joelhos para afastá-los e consequentemente acabam aproximando os ísquios e reduzindo os espaços inferiores.


Uma forma de compensar essa redução de espaço é oferecer suporte de apoio para que a mulher consiga abrir mais o peito e estender a coluna como forma de buscar abrir os espaços da pelve inferior. Para isso na fisioterapia treinamos esses apoios, percepções corporais e possibilidades em várias posições possíveis de parto.


O trabalho corporal na gestação a caminho para o parto, tem a finalidade de despertar os sentidos, a conexão com o corpo e os estados mentais, para que de forma não racional e mais instintiva a mulher consiga acessar o lugar de confiança, segurança mais necessários e fundamentais do que posições corretas e exercícios que facilitam o parto.


Nossas lutas também são para que tanto os sistemas de saúde, quanto os profissionais que assistem a mulher em seu parto, possam respeita-la em sua liberdade, vontade e necessidade é que estejam mais preparados para saberem interagir com gestos e escutas do que com intervenções desnecessárias.


Ainda a melhor posição para o parto é aquela em que a mulher pode escolher, porque se sente bem. E que pelo menos ela tenha a chance de vivenciar experiências corporais ao longo da gestação que a despertem para estarem em seus lugares de conexão com sua natureza materna nata.




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